sábado, 6 de setembro de 2008

Paraolimpíadas: Com emoção e delicadeza, China dá início aos Jogos Paraolímpicos de Pequim

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A emoção deu o tom na cerimônia de abertura dos Jogos Paraolímpicos de 2008. Com o Ninho do Pássaro lotado mais uma vez, a China voltou a impressionar o mundo e apresentou uma festa caprichada. Além de um show de luzes e dança, a participação de atletas e artistas com diversos tipos de deficiências conquistou o público, que deixou o estádio encantado após um espetáculo de pouco mais de 3h de duração.












A apresentação começou às 9h de Brasília (20h no horário local). Os fogos de artifício para marcar a contagem regressiva e a multidão cantando o hino chinês junto com o presidente Hu Jintao poderiam dar a impressão de que o público veria “mais do mesmo”. Logo em seguida, porém, a tradição deu lugar à modernidade. No lugar dos tambores milimetricamente cronometrados da abertura das Olimpíadas, atores com roupas coloridas de plástico. Os simpáticos “bonecos” fizeram uma coreografia animada para empolgar o público e, em seguida, formaram um imenso arco-íris no estádio.

Era a senha para a entrada dos grandes astros da festa. Ao contrário das Olimpíadas, as delegações paraolímpicas desfilam logo no início, para que os atletas possam aproveitar ao máximo a cerimônia. Assim como nos Jogos de Pequim, a ordem de entrada obedeceu ao alfabeto chinês. A equipe verde-amarela, com 187 representantes, foi a 28ª a se apresentar, comandada pelo porta-bandeira Antônio Tenório, do judô. Tricampeão paraolimpíco na classe B1 (cego total), categoria até 100kg, ele conquistou um feito inédito neste ano: foi campeão paulista meio-pesado no judô convencional. A delegação chinesa, a maior da competição com 332 atletas, foi ovacionada pelo público, que também reservou muitas palmas para japoneses, canadenses e americanos.


Diretor da cerimônia, Zhang Jigang havia prometido um espetáculo em homenagem à vida, e não decepcionou. Um bailarino representando um pássaro de fogo desceu dos céus para “acordar” o cantor cego Cai Yuzhu e mostrar a importância de perseguir os sonhos mesmo após as adversidades. O artista emocionou o público e fez surgirem estrelas: 300 estudantes surdas, que encantaram com sua delicadeza em uma dança de signos.

A dança continuou a se fazer presente com a apresentação de uma pequena bailarina cadeirante, que emocionou ao som do Bolero de Ravel. Ao redor da menina, que perdeu a perna esquerda no terremoto que arrasou a província de Sichuan, em maio, outras bailarinas dançavam sentadas, com sapatilhas nas mãos, em uma sincronia entre beleza e superação.

Em uma exaltação à vida, a natureza não poderia deixar de brilhar. Ao som de um pianista cego, flores e animais apareceram no Ninho do Pássaro, abrindo caminho para o Fu Niu Lele, o boizinho que foi escolhido como a mascote dos Jogos Paraolímpicos.

Em seguida, um "mar" de pássaros, formado por 750 artistas, abriu caminho para os discursos de Liu Qi, presidente do Bocog, Philip Craven, presidente do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), e do presidente chinês, Hu Jintao, que declarou a abertura oficial da competição.

Após um revezamento entre medalhistas paraolímpicos chineses, o momento mais tocante da festa: usando a força dos braços e empurrado pela torcida, um cadeirante (ajudado por dispositivos eletrônicos) acendeu a tocha paraolímpica. Ofegante, ele trazia em seu rosto a marca da competição, que será realizada até o próximo dia 17: superação e conquista.

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