Aos 36 anos e com oito título mundiais no currículo, Kelly Slater vira e mexe diz estar cansado da rotina de competições. Alega falta de motivação. Tudo isso, porém, parece ir por água abaixo quando ele chega na praia. Se for desafiado, melhor ainda. Mesmo “cansado”, Slater derrota rivais com até metade de sua idade. “Desmotivado”, ele quebra recorde atrás de recorde. O último deles foi o de número de vitórias (33), marca superada no dia 15 de setembro de 2007, ao vencer em Trestles. Nesta quinta-feira, quase um ano depois, o octacampeão mundial voltou a reinar na Califórnia. E de forma espetacular. Depois de estar em combinação - situação mais adversa para um surfista -, ele virou a bateria contra o australiano Taj Burrow. Tirou uma nota 9,27 a 1m07 do fim. Não apenas garantiu o tricampeonato da etapa - somando agora 39 triunfos na carreira -, como deu um grande passo para a conquista o nono caneco do Circuito Mundial. Agora são cinco triunfos em sete etapas disputadas em 2008.O melhor brasileiro foi o cearense Heitor Alves, que parou nas quartas-de-final. Adriano de Souza, o Mineirinho, perdeu na rodada anterior. Na terceira fase, ele tinha derrotado o gaúcho Rodrigo Dornelles, o Pedra. Com dores nas costas, o catarinense Neco Padaratz abandonou a etapa, nem chegando a disputar repescagem, fase em que o paranaense Jihad Kohdr foi eliminado.
O próximo desafio válido pela elite do surfe será a partir do dia 19, na França. O atual campeão da etapa é o australiano Mick Fanning. Neste ano, Slater venceu nas praias australianas da Gold Coast e de Bells Beach. Depois, foi para a temida Teahupoo - a praia dos crânios quebrados -, mas só teve dor de cabeça: ficou em 17º, e viu o brasileiro Bruno Santos erguer o caneco. Recuperou-se em grande estilo com duas vitórias seguidas: Ilhas Fiji e Jeffreys Bay (AFS). No último desafio, na Indonésia, foi novamente eliminado na terceira fase. A taça foi para o havaiano Bruce Irons.
Nesta quinta, Slater vinha de uma vitória sobre o compatriota Bobby Martinez, nas quartas, e uma sobre o australiano Bede Durbidge. Este, por sinal, era, naquele momento, o surfista que mais estava em sua cola. Taj, por sua vez, disputou uma bateria a mais. Passou pelo sul-africano Jordy Smith nas oitavas, depois despachou o brasileiro Heitor Alves e chegou à final ao derrotar o francês Jeremy Flores. Nos dois últimos confrontos, vitórias tranqüilas.
Embalado, Taj pegou a primeira onda boa da bateria. Slater precisava de 5,27, e tirou 8,17. O problema foi que o australiano achou uma bela direita logo atrás, e, sem piedade do melhor surfista de todos os tempos, arrancou um 9,63. Slater, pela primeira no ano, se encontrava em combinação. Era necessário trocar suas duas notas por uma soma de 18,64.
O americano tinha tempo. Faltavam 20 minutos. A 15 do fim, conseguiu sair da combinação com a maior nota da bateria: 9,70. Agora, a busca era por um 8,93. Abusou de manobras em partes críticas de uma onda, e passou muito perto da virada: 8,33.
Os locutores brincavam “Slater adora ficar em combinação”. Pareciam prever o que estava por vir. A 1m07s do fim, virada em grande estilo, com uma nota 9,27. Vitória por 18,97 a 18,63.
A Slater, coube agradecer a decisão dos organizadores de fazer a final em 35 minutos, e não em 30m.
- As séries estavam espaçadas. Se não a bateria fosse de 35 minutos, o Taj teria me vencido - conta.
A Taj, restou a lamentação.
- É meio frustrante sentar lá atrás e ver a onda que ele pegou – diz Taj.
Final
Kelly Slater EUA 18.97 x 18.63 Taj Burrow AUS
Semifinais:
1. Kelly Slater EUA 15.67 x 15.10 Bede Durbidge AUS
2. Taj Burrow AUS 17.33 x Jeremy Flores FRA
Quartas-de-final:
1. Bede Durbidge AUS 16.90 x 14.10 Dane Reynolds EUA 14.10
2. Kelly Slater EUA 17.16 x 15.16 Bobby Martinez EUA
3. Jeremy Flores FRA 17.57 x 15.67 Mick Fanning AUS 15.67
4. Taj Burrow AUS 18.50 x 6.34 Heitor Alves BRA
Resultados das baterias pendentes das oitavas-de-final:
7. Taj Burrow AUS 18.07 x Jordy Smith AFS 15.00
8. Heitor Alves BRA 11.14 x Jay Thompson AUS 11.00
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